Felisquié revela a dimensão global de ícones nordestinos e discute temáticas
Entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro a cidade de Jequié, localizada a 365 km de Salvador, sediará a primeira edição da Festa Literária do Sertão de Jequié – Felisquié, que tem como tema central “O regional que se torna universal”, revelando a força global de ícones da cultura nordestina e discutindo variados assuntos relacionados a literatura e outras linguagens artísticas. Valdeck Almeida de Jesus, filho da terra, é um dos convidados.
Os escritores Domingos Ailton, Carlos Ribeiro e Morgana Gazel falarão sobre o poder de transformação da literatura. Poética visual na internet: a experiência das Concrecoisas é o tema da palestra do jornalista, compositor e poeta César Rasec. O processo de produção e circulação de um livro terá como expositores os escritores Valdeck Almeida de Jesus, Roberto Leal e Carlos Souza.
A jornalista e escritora Rogéria Gomes discorrerá sobre a história do teatro no Brasil e as grandes atrizes que marcaram os palcos brasileiros. Na oportunidade se reportará a fatos marcantes do teatro nacional, aos dramaturgos como Nelson Rodrigues, que está completando também cem anos de nascimento neste ano de 2012 e as divas das artes cênicas do País como as atrizes Eva Wilma, Norma Brum e Laura Cardoso, que foram entrevistas por Rogéria Gomes e estão no livro As Grandes Damas E Um Perfil do Teatro Brasileiro.
Literatura no contexto atual do Brasil é o tema da conferência de encerramento do evento, que terá como palestrante o presidente da União Brasileira de Escritores – UBE, o jornalista e escritor Joaquim Botelho.
No primeiro dia do evento já poderá ter uma ideia da variedade que marcará sua programação. O escritor, jornalista e sociólogo Mouzar Benedito falará sobre mitologia brasileira e lançará uma coleção de seis livros sobre mitos ecológicos da cultura de tradição oral no Brasil: O Saci - guardião da floresta; A Iara - encanto das águas; O Curupira - nosso gênio das matas; O Caipora - amigo dos bichos; O Boitatá - este mito é fogo!; Lobisomem, Cuca e Mula sem Cabeça - importados e naturalizados.
Figura mitológica conhecida em todos os cantos do Brasil e eternizado nas histórias de Monteiro Lobato, o Saci Pererê surge como uma das opções para ser mascote da Copa do Mundo no Brasil, em 2014 e a ideia foi lançada por Mouzar Benedito, que tem feito um apelo ao governo brasileiro e à Federação Internacional de Futebol (Fifa) para que as entidades adotem o folclórico menino de uma perna só como símbolo do evento esportivo no país, mas Mouzar não se limitará aos mitos brasileiros. Ele vai abordar também a história de Luiz Gama e lançará ainda o livro Luiz Gama, libertador de escravos, e sua mãe libertária, Luíza Mahin.
Já o jornalista Carlos Souza Yeshua enfocará a estratégia mercadológica de Paulo Coelho que o transformou no escritor com mais de 100 milhões de livros vendidos e o autor vivo mais traduzido em todo mundo. O tema da palestra é Paulo Coelho – O Mago da Literatura. Carlos Souza Yeshua fará também o lançamento do livro que contém uma coletânea de artigos intitulado “Carta ao Presidente-Brasileiros em busca da cidadania”. A professora Maribel Barreto discorrerá sobre o tema A razão como base para desenvolvimento da consciência e lançará seu livro “Ensaios sobre Consciência”.
Uma oficina sobre criação literária de crônicas será ministrada pelo escritor e professor Vitor Hugo Martins. Antes do Passado, o silêncio que vem do Araguaia: memória, verdade e história brasileira é o tema da palestra da escritora Liniane Haag Brum, que também lançará um livro sobre o assunto.
Centenários - Os cem anos de nascimento de Jorge Amado e Luiz Gonzaga e de criação do Jornal A TARDE serão lembrados pela Felisquié. O diário baiano será homenageado por conta de seu apoio a produção literária baiana e por ser fonte de pesquisa para textos literários. “No romance histórico que escrevi, Anésia Cauaçu, A TARDE foi uma das minhas fontes de pesquisa”, afirma o escritor Domingos Ailton, curador da Festa Literária do Sertão de Jequié - Felisquié. Uma mesa redonda sobre curiosidade do Jornal A TARDE terá a participação dos jornalistas Carlos Ribeiro, Heloísa Sampaio e Marjorie Moura e o veículo será representado na homenagem pelo seu gerente comercial, Edmilson Vaz.
A dimensão da obra de Jorge Amado será abordada em painel com a participação dos escritores e estudiosos dos textos amadianos Gildeci Leite, Adriana Barbosa, Bohumila Araújo e Domingos Ailton; o professor Erisvaldo Pereira dos Santos falará sobre Religião de matriz africana na literatura de Jorge Amado: a propósito do texto "O compadre de Ogum”. O professor Gildeci Leite lançará também o seu livro Jorge Amado: da ancestralidade à representação do orixás. Já a produção musical de Luiz Gonzaga terá como debatedores o cineasta Robinson Roberto, o jornalista César Rasec e os músicos Lourival Eça e Carlos Éden. Neste painel o cineasta Robinson Roberto revelará imagens e informações inéditas sobre o Rei do Baião. Uma delas mostra o anão, que era de Jequié e integrou o trio musical de Gonzagão, O poeta e cronista Luis Cotrim, um dos fundadores da Academia de Letras de Jequié e ícone do mundo literário da cidade, falecido no último dia 3 de novembro aos 95 anos será também homenageado com dois documentários, um de Robinson Roberto e outro de Júlio Lucas.
Contracultura dos anos 60 - A contribuição de artistas jequieenses para contracultura dos anos 60 será uma tema de discussão por parte dos cineastas Tuna Espinheira, Robinson Roberto, do artista plástico Dicinho e do ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo - ANP, Haroldo Lima. Já o professor Luciano Costa Santos vai enfocar em sua palestra cultura nacional, modernidade e globalização.
Adaptações literárias - O processo de adaptação de uma obra literária para o teatro, o cinema e a televisão será o foco de discussão de um painel que contará com a participação dos cineastas Tuna Espinheira e Guido Araújo, dos jornalistas Joaquim Botelho e Rogéria Gomes e do ator Robério Lima, que interpretou “o professor” no filme Capitães da Areia, de Cecília Meireles, adaptado do romance de Jorge Amado.
Filmes - Não só debates compõem a programação da Felisquié. Atividades culturais como encenações teatrais, recitais de poesia, contação de histórias, declamação de cordéis e exibição de filmes de ficção e vídeo-documentários também farão parte do evento. Serão exibidos Cascalho, de Tuna Espinheira, Cine Jequié e Luís Cotrim, de Robinson Roberto, Ambiente Natural e Memória de Contendas do Sincorá e O Candomblé na Cidade de Jequié, de Domingos Ailton, Testemunho de um leitor de Jorge Amado, de Carlos Pronzato, Caçadores da Alma, de Silvio Tendler e Luis Cotrim – Poeta Dourado, de Júlio Lucas.
Sertão e regionalismo - “Tive a ideia de realizar a Festa Literária do Sertão de Jequié durante uma conversa com o poeta e jornalista Valdeck Almeida de Jesus no Congresso da União Brasileira de Escritores – UBE em Ribeirão Preto, em novembro de 2012. O nosso projeto desde o início foi levar intelectuais de várias partes do País para o sertão de Jequié e realizar um evento que possa mostrar a força e a cultura do nosso sertão para que os moram na região e os que estão vindo de fora” conta o curador da Felisquié, Domingos Ailton, que participa de uma mesa redonda juntamente com a graduanda do curso de Letras, Jeanne Paganucci sobre o tema central do evento O regional que se torna universal. Para Domingos Ailton o regionalismo foi uma tendência marcante do modernismo e fez com que a literatura brasileira ganhasse milhares de leitores no Brasil e em outros países, mas não tem obtido o devido valor do meio acadêmico. “A Felisquié quer enaltecer a literatura regional e a cultura do sertão”, ressalta.
A Festa Literária do Sertão de Jequié conta com chancela e apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UESB, da Academia de Letras de Jequié e da União Brasileira de Escritores - UBE.